Apicultor adia colheita de mel após anúncio de tarifaço de Trump e queda do preço no Piauí
Produtores deixam de vender 152 toneladas de mel em 15 dias para EUA; prejuízo de mais de R$ 2,5 milhões Reprodução/ Casa Apis O produtor rural José Claro ...

Produtores deixam de vender 152 toneladas de mel em 15 dias para EUA; prejuízo de mais de R$ 2,5 milhões Reprodução/ Casa Apis O produtor rural José Claro de Sousa migrou na terça-feira (29) mais de 600 enxames do Piauí para o Maranhão na esperança de continuar a produção de mel e fugir da seca. Ele, porém, ainda não tem previsão para colher o produto, devido à queda no preço após o anúncio do tarifaço de Trump. “Todo ano a gente faz isso para ter produção o ano inteiro de mel e manter os enxames. Com esse tarifaço aí tá complicado, porque a gente precisa pensar além da boa colheita, em um bom preço do mel. O preço normal é uns R$ 18,50, o quilo, e eu recebi a notícia que estão começando a comprar a R$ 15”, explicou o apicultor. ✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp A colheita deveria iniciar entre os dias 5 e 10 de agosto. Contudo, José optou por adiar, por cerca de 15 dias, para esperar o preço melhorar. Segundo o empresário e principal exportador de mel do Brasil através do Grupo Sama, Samuel Araújo, os Estados Unidos compram cerca de 75% do produto exportado para o exterior. “Houve cancelamento de embarque, mas não cancelamento de contrato, porque eles precisam do mel de qualquer forma. Hoje o grande problema que a gente tem é a incerteza. Nós temos uma responsabilidade com nossos colaboradores, com os nossos clientes, com a nossa cadeia de fornecimento, porque nós somos fornecidos por pessoas da agricultura familiar, são quase 85% de toda a fonte do mel”, afirmou Samuel. Caso efetivada, a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras entrará em vigor na sexta-feira (1). A medida deve afetar diretamente mais de 12 mil famílias de micro e pequenos apicultores piauienses. Exportadores buscam novos mercados Com a sinalização de entraves no principal mercado consumidor, o Grupo Sama tem se articulando para ampliar a presença em outros destinos. Países como Alemanha, Holanda, Bélgica e Dinamarca, na Europa; além de Canadá, Japão, China e Emirados Árabes, estão no radar. “Temos um produto com demanda global superior à oferta, produzido com práticas sustentáveis e qualidade reconhecida internacionalmente. Por isso, estamos ampliando nosso alcance internacional e avaliando alternativas estratégicas à suspensão temporária de pedidos por parte de clientes norte-americanos”, declarou Samuel Araujo, CEO do Grupo Sama. Segundo o representante do setor, o momento é de reorganização da logística e fortalecimento das relações com países que oferecem estabilidade regulatória e preços competitivos. O mercado europeu, por exemplo, tem se mostrado receptivo a ampliar as importações. Impacto econômico da tarifa para o setor O tarifaço de Trump, anunciado em 9 de julho, causou o cancelamento imediato de grandes encomendas de mel orgânico brasileiro destinadas ao mercado norte-americano. Nos últimos 15 dias, 152 toneladas do produto deixaram de ser exportadas para os Estados Unidos. Apesar do impasse relacionado às datas de embarque, os contratos com os clientes não foram cancelados. O Piauí tem se destacado pelo volume e pela qualidade do mel produzido, especialmente o mel orgânico certificado, que é altamente valorizado no exterior. Em 2024, o estado liderou o ranking brasileiro de exportação de mel para o país, embora não tenha sido o maior produtor. "O Piauí é o 22º estado em exportações gerais para os EUA. Mesmo assim, tem uma relação muito forte. Em torno de 85% da nossa exportação de mel vai para o mercado americano", aponta o gestor corporativo da Área Internacional e Mercado da Federações das Indústrias do Piauí (Fiepi), Islano Marques. Como a tarifa de Trump impacta o mel brasileiro VÍDEOS: assista aos vídeos mais vistos da Rede Clube